sábado, 25 de julho de 2009

La Nouvelle Revue d'Histoire n.º 43

Disponível nas bancas nacionais está último número de «La Nouvelle Revue d’Histoire», cujo tema desta vez é “As raízes da Europa. De Homero a Clóvis”, com um dossier onde podemos encontrar artigos de Dominique Venner, Sylvan Gougenheim, Philippe Walter, Lucien Jerphagon, Yann Le Bohec, Karl-Ferdinad Werner e Denis Bachelot, e a cronologia de Charles Vaugeois e Jean Kappel. Destaque ainda para a entrevista com a historiadora Mona Ouzouf, sobre a França e a República, e os artigos “Erwin Rommel, Hitler e a Wehrmacht”, de François-George Dreyfus, “Um rei de guerra”, sobre Henrique II, de Emma Demeester, e “A Conquista da Sibéria”, de Philippe Conrad, entre outros. Como sempre, temos a crónica de Péroncel-Hugoz e as secções habituais, com destaque para a dos livros publicados, na qual é de referir a crítica de Jean-François Gautier ao último livro de Venner “Ernst Jünger. Un autre destin européen”.

sábado, 11 de julho de 2009

Pierre Vial em entrevista

A propósito da vinda de Pierre Vial a Lisboa, no âmbito da Universidade de Verão da Terra e Povo, o Inconformista decidiu traduzir uma das mais recentes entrevistas dadas por esta figura de referência indentitária europeia, concedida ao grupo católico francês GénérationFA8.

É presidente da associação Terre et Peuple. Antigo membro do Front National, foi igualmente um dos fundadores do GRECE. Anima também o centro de análise e de formação política Europe-Identité. Com esta entrevista, Pierre Vial faz o ponto da situação do seu compromisso político e associativo. Apresenta-nos os seus pontos de vista, as suas ideias e expõe claramente as razões do seu compromisso.

Bom dia. Pode apresentar-se em poucas palavras?
Nascido a 25 de Dezembro (é verdade!) de 1942, juntei-me às fileiras da Jeune Nation na Primavera de 1958. Participei nos combates oficiais (Fédération des Etudants Nationalistes) e clandestinos pela Argélia Francesa. Seguiu-se a adesão à Europe-Action (e a passagem de um nacionalismo francês para um nacionalismo europeu) e depois o lançamento, em 1968, de um trabalho metapolítico com o GRECE, fundado com uma dezena de camaradas. Fui secretário-geral entre 1978 e 1984. Em 1987 juntei-me ao Front National (decisão muito mal vista por Alain de Benoist e os seus apoiantes, à qual se deveu o meu divórcio com a Nova Direita, cujas novas orientações, em ruptura com a linha inicial, não me agradavam). Eleito conselheiro municipal pelo FN em Villeurbanne (segunda maior cidade de Rhône, com 130 000 habitantes) entre 1989 e 2006, fui além disso conselheiro regional de Rhône-Alpes de 1992 a 2004. Membro do Conselho Político do FN desde o congresso de Estrasburgo, fui um dos organizadores da cisão de 1998, antes de me desiludir rapidamente com Mégret (afastei-me quando recusou comprometer-se em não apelar ao voto em Chirac [contra Le Pen]). Em 1995, fundei a associação Terre et Peuple e juntei-me recentemente à direcção da Nouvelle Droite Populaire, convidado pelo meu velho amigo Robert Spieler.

Como disse, aderiu recentemente à Nouvelle Droite Populaire (NDP). Se o PDF ou o FN, por exemplo, lhe propusessem a sua adesão, qual seria a sua resposta e as razões associadas?
Tenho a maior estima por Carl Lang e incitei os membros da Terre et Peuple a ajudar na sua campanha para as Europeias e espero bem ver nascer uma estrutura federativa que, de uma forma flexível, preservasse a autonomia dos partidos NDP, PDF, MNR e, se fosse possível, de outras organizações. Contribuirei, da melhor forma possível, para um projecto desse tipo, porque creio que o tempo das estruturas monolíticas, que existem através de um homem (ou mulher...), terminou. Esta última frase é a minha resposta relativamente ao FN.

As perspectivas do futuro são bem sombrias para o nosso país e a nossa civilização. As estatísticas económicas, demográficas, não jogam a nosso favor. Tem ainda esperança que a situação se inverta? De resto, como é tal coisa possível?
Maurras dizia que em política o desespero é uma estupidez absoluta e tinha razão sobre esse ponto como em muitos outros. Posto isto, a situação não incita ao optimismo. A crise financeira e económica, que demonstra o perigo intrínseco do liberalismo capitalismo, fez muitos estragos e muitas vítimas, e talvez ainda não tenhamos visto o pior... Mas faço parte daqueles que consideram a economia — ou seja, o facto de colocar a economia como agente director da evolução das sociedades humanas, ideia própria tanto do liberalismo como do marxismo — é um erro fundamental. A economia é um instrumento indispensável que um poder político digno desse nome utiliza da melhor forma possível em vez de ser usado por ele, como acontece hoje em dia. O problema é muito diferente com a demografia, que é uma chave essencial da História. Mas cabe ainda ao poder político competente apoiar e gerir uma verdadeira política de natalidade. Os povos sem crianças, ou com muito poucas crianças, estão condenados a ser submergidos pelos povos reprodutores. Dito isto, partilho o ponto de vista frequentemente expresso por Dominique Venner na Nouvelle Revue d'Histoire: a História nunca foi escrita de antemão, continua aberta, tudo é ainda possível. Só é preciso haver uma vontade. Porque, como se diz, onde houver uma vontade, há um caminho.

Toda a gente sabe que o Pierre Vial é pagão. No entanto, vimo-lo recentemente em Saint-Nicolas du Chardonnet para honrar um camarada que partiu demasiado cedo. O esforço que fez ilustra-o. Contudo, serão os responsáveis políticos da nossa família de pensamento capazes de fazer compromissos ou pôr água na fervura, para que se possa falar para saber o que é possível construir em conjunto?
Farei ainda referência a Maurras a propósito do necessário compromisso nacionalista. Que assenta sobre o imperativo de agrupar todas as forças disponíveis para fazer face ao perigo mortal que ameaça a nossa cultura e a nossa civilização, representado pela imigração-invasão. Para utilizar uma imagem simples, quando a casa está em chamas todos os bombeiros são bem-vindos. Como defendo a importância de unir as palavras aos actos, trabalhei sem problemas, durante a década de 90, com célebres católicos tradicionalistas: no FN trabalhei com Bernard Antony na formação de quadros e tenho colaborado com a Présent. Gostei muito de conversar com Dom Gérard em Barroux. Percebo que isso perturbe a priori certas pessoas, mas nunca apreciei o sectarismo.

A islamização da nossa sociedade é um facto difícil de negar. Como fazer para combater o fenómeno? Da mesma forma, acha que é possível ser muçulmano e francês?
A islamização é um fenómeno de guerra cultural. Ao contrário do que dizem aqueles que recusam admitir as evidências, o choque de civilizações é uma realidade. Não se pode lutar contra uma concepção do mundo sem lhe opor uma outra concepção do mundo (por exemplo, o lugar e papel reconhecido à mulher numa sociedade...). O Islão e a cultura europeia não são compatíveis.

Uma parte não negligenciável do movimento nacional vê no Islão a principal ameaça à França e à Europa. Ora, num sistema republicano, a religião é um assunto privado e não pode, por conseguinte, representar um perigo ao funcionamento do Estado. Qual é a diferença entre o Islão e as outras religiões implantadas há muito mais tempo na Europa?
O Islão é uma religião de conquista: o mundo inteiro deve ser, mais cedo ou mais tarde, submetido à Lei de Alá. A qual deve regular todos os actos do indivíduo no seio de uma sociedade formatada pelos ditames do Corão. Por isso mesmo, o Islão não é, nem pode ser, uma simples escolha de vida privada, já que se impõe no terreno público. Os ingénuos (ou os cúmplices) que falam de um islão tolerante querem fazer esquecer o velho princípio muçulmano: beija a mão que não podes cortar. Até ao dia...

Longe de um «choque de civilizações» ou de um problema de véus, pode pensar-se razoavelmente que os diferentes povos europeus aceitem de facto abandonar os seus hábitos e direitos em proveito de costumes vindos dos quatro cantos do mundo? Como fizeram para que os diferentes povos europeus não rejeitassem de forma maciça os constrangimentos insuportáveis impostos pelos diferentes governos que trabalharam pelo mundialismo?
Os Europeus são vítimas de um condicionamento mental muito eficaz, que começa nos infantários e prossegue em especial pelos meios de comunicação social, em favor da «abertura ao outro», do dever da tolerância, do imperativo da culpa. Tudo em nome dos «direitos do homem», religião cujos zelotas têm por objectivo fazer tombar as defesas imunitárias da mente europeia, formatando-a à sua maneira. Tendo em contra os meios que estas pessoas dispõem, controlando todas as formas de poder (político, social, económico, cultural), não surpreende que tenham conseguido tornar muitos europeus desnorteados, desmiolados, desarmados.

Numa perspectiva de união das forças nacionais, o Front National teria o seu lugar numa próxima reconstituição? Da mesma forma, o que pensa das Bases de renovação nacional e identitária propostas pela NDP? O Bloc Identitaire e os seus numerosos movimentos satélite teriam lugar nesse projecto?
As Bases previstas pela NDP serão uma excelente ocasião de reflectir sobre o projecto de união de forças nacionais. Estendemos e estenderemos a mão a todos. Veremos bem quem quiser tomá-la. O papel do FN, numa tal perspectiva, dependerá de Marine Le Pen já que é ela que, de facto, vai receber a herança paternal. Quanto ao Bloc Identitaire, muitos dos seus militantes estão no mesmo comprimento de onda que nós, ao ponto de um certo número de elementos serem ao mesmo tempo membros do Bloc e da Terre et Peuple. Não há por isso qualquer problema na base. Pelo contrário, sempre que estendi a mão a Fabrice Robert, Vardon e Roudier, não tive qualquer resposta (a não ser indirecta, por um diz-que-disse, já que estas pessoas nunca disseram pessoalmente aquilo que pensam, do género «Vial é demasiado extremista (sic), e de resto a Terre et Peuple não representa nada (resic) e de todas as facções somos os melhores, todos os outros são cretinos»). É evidentemente um erro, já que o sectarismo faz, objectivamente, o jogo dos nossos inimigos, que temem sobretudo a união das forças nacionais.

Como conciliar as diversas tendências dos resistentes ao sistema mundialista? Alguns estão mais próximos a uma visão da França como nação, outros nem tanto. Há republicanos, monárquicos e regionalistas autonomistas. Há católicos, ateus, protestantes e pagãos... Nessas condições, a ideia de um compromisso para um projecto unitário, em si, é possível ou mesmo desejável?
Como afirmei anteriormente, o compromisso nacionalista é a condição sine qua non para o nosso campo ter uma hipótese de colocar em acção o único programa de acção que se impõe actualmente: perante a invasão, resistência e reconquista. Sob este estandarte, devem reencontrar-se ombro a ombro, esquecendo por uma vez o espírito de capela, todos os que querem que os seus filhos e netos tenham ainda um futuro digno de ser vivido sobre a nossa terra. Tudo o resto é literatura. Evidentemente, para isso, é preciso um pouco de inteligência e muita coragem...

Está de acordo com a frase: a Europa é uma civilização grega, latina e cristã?
Acrescentarei a componente germânica, céltica e eslava. Quanto à parte cristã, ela é um dado histórico absurdo de negar. Seria necessário precisar um certo número de aspectos — que implicariam desenvolvimentos demasiado longos — sobre o facto de que o cristianismo, nascido num meio judaico, europeizou-se a partir da Antiguidade para se implantar na Europa, utilizando um sincretismo inteligente com as religões que a precederam no solo europeu. Sincretismo posto em causa com a evolução modernista conduzida pelo Vaticano II.